À ESPERA DE UM OLHAR
Interrompi o curso da torrente
para você contemplar, nas cristalinas águas,
a beleza do seu olhar.
No entanto, a sombra do meu rosto
se sobrepôs ao seu,
ocasionando duplicidade de imagem.
Assim, fiquei a procurar a sua face...
Tudo em vão.
Ao alvorecer a passarada se fez calar,
já não se escutava o seu gorjeio, numa
possível cumplicidade ante minha aflição,
nessa busca onírica de ver o brilho dos seus olhos.
Vaguei aqui e alhures,
pelo espaço celeste e sobre o mar,
nesse anseio incontido de encontrá-lo.
Agora, se mesmo em sonho você se afasta,
então, se há de perguntar:
por que não desparece da minha imaginação?
Zilmar Pires