E não é pouco...
É nele que eu encontro a lira
a palavra desconhecida
a que brilha
É na forma daquela letra disforme
em ajuste perfeito de subida
que faço o conforme
Ele é o meu astro de filme antigo
o intocável de capa e chapéu
ora mocinho, ora bandido
É o cantor da batida do meu terreiro
o atabaque fazendo escarcéu
o guia mais desordeiro
É o feminino vermelho da entranha
nas baladas doces de Bethânia
e a nota que dá o tom
É o irrequieto criador de palavras
o mais amado em qualquer lavra
é o cara, é o bom
É ele quem cria a nuvem, em verdade
é o que faz o desabar da tempestade
e ainda chapisca nas poças
É ele quem apronta e sai correndo
mas que volta e vem fervendo
cheio de idéias novas
É um safado, meu danado arruaceiro
que tomou o coração inteiro
e da mente se apossou
Ele é um tudo e o dono da minha íris
e eu, com cara de Glória Pires,
ando assinando: Brigitte Bardot.
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