E não é pouco...

É nele que eu encontro a lira

a palavra desconhecida

a que brilha

É na forma daquela letra disforme

em ajuste perfeito de subida

que faço o conforme

Ele é o meu astro de filme antigo

o intocável de capa e chapéu

ora mocinho, ora bandido

É o cantor da batida do meu terreiro

o atabaque fazendo escarcéu

o guia mais desordeiro

É o feminino vermelho da entranha

nas baladas doces de Bethânia

e a nota que dá o tom

É o irrequieto criador de palavras

o mais amado em qualquer lavra

é o cara, é o bom

É ele quem cria a nuvem, em verdade

é o que faz o desabar da tempestade

e ainda chapisca nas poças

É ele quem apronta e sai correndo

mas que volta e vem fervendo

cheio de idéias novas

É um safado, meu danado arruaceiro

que tomou o coração inteiro

e da mente se apossou

Ele é um tudo e o dono da minha íris

e eu, com cara de Glória Pires,

ando assinando: Brigitte Bardot.

http://versosprofanos.blogspot.com/