LÍRIO
Aspectos excêntricos surgidos da noite
Preenchem o silêncio de algum canto da casa.
Porque precisa-se de indefinições e imobilidade
Pra se entender a fala do tempo que passa.
E envelhecer tem muito da estupidez passada,
Que serve a alguns minutos antes do sono.
Dorme-se muito sobre os remorsos empilhados
Num canto escuro junto a arquiteturas e números.
De resto, as mãos cansadas, quase não se vê a matéria.
Desfeita de constrangimentos e embriaguez necessária,
São massas disformes de uma visão tumultuada.
Já foi orquestra, já foi gente e corações partidos.
Agora é sono, reticência e tempo perdido.