Ver-te não consigo

Quisera calar a tua voz,

Ouvindo-te a cantar que não me amas.

A febre castiga a minha boca em chamas,

Pois da tua tem uma fome atroz.

Quisera ir para bem longe!

Mesmo rastejando como uma pedinte.

Até o vento zomba implacável: “O que te resta?

Acorrentada a este amor que te detesta?”

Vem fome áspera e cruel!

Fome dos beijos, dos abraços alucinados.

Vem traga minha porção de fel,

Beberei por este amor fracassado.

Louco anseio de abraçar-te

Assombra-me por toda parte

Vago de porta em porta para esbarrar contigo

Estrangula-me a dor, ver-te não consigo.