O BANCO
Há tanto tempo que meus olhos não te viam,
que mal pude imaginar que a encontraria bem ali
sentada naquele banco.
Cabelos soltos ao vento, um olhar cabisbaixo,
timidamente retribuindo os meus olhares,
mas com a certeza de que estava diante
de um amor de longa data.
Os olhares se cruzando, o vento brincando com seus cabelos,
trouxeram à tona os tempos áureos de um amor
que insiste em manter acesa a chama,
de um amor que contava as horas para se enlaçar.
Meus passos em tua direção,
teu olhar cada vez mais introspectivo
como quem olha para si mesma procurando respostas,
como alguém que ficou surpresa por descobrir
que aquele sentimento ainda estava ali guardado em seu peito,
tão calado, tão tímido, mas tão acolhido.
Ai, mil vezes ai, como eu queria abraçar-te
e beijar-te milhões de vezes,
acariciar teu rosto, tocar sua pele, sentir teus cabelos,
sentir teu cheiro, teu perfume...
Como eu queria sentar-me do seu lado
e deixar que nossos sorrisos e nossos olhares
conversassem entre si,
até que meus lábios encontrassem o caminho dos seus.
Mas a distância vai tomando forma,
o adeus vai tomando o lugar do beijo,
eu sigo partindo para longe dos teus abraços,
enquanto ela permanece ali, sentada no banco daquela rua...