CHOQUE CARDIOGÊNICO
Um grito ecoou no espaço
Olhei para dentro de mim
E vi masmorras partindo o coração tênue
E rasgando os papéis rabiscados
À sombra do cálice vil
Lembrei daquele sorriso
Esvaindo em um bocado de lembranças doces
À velocidade da luz,
Misturando-se às cores e
Aos sentimentos borrados
Com aqueles olhos aquarela
Há meses em que o sol impera no oceano
E dias em que a tempestade inunda as cidades
Meus pulmões colabam
Com o sopro do vento gelado
Que seca as lágrimas do rosto pálido
Eis o meu último suspiro:
Olho o pôr-do-sol
Minha alma arde
Engulo o mundo,
As nuvens e os edifícios
Engasgo com os sonhos e as lembranças
E me afogo com o resto do cálice
E com estes versos frios.
Meu coração implode
Choque cardiogênico
Morro de amor, solidão e poesia.