A DAMA DA NOITE!

Quando eu te vi, não pensava na magia,

E só via, na penumbra, os teus passos pela praça,

Não me dei conta, e nem mesmo percebia,

O mundo de alegria e tão abundante graça!

A melodia da noite, a qual estava cantando,

Desgraça dos meus versos, imersos na cantoria...

Era um romance triste, da solidão me acompanhando,

Eu estava só cantando, mas não tinha alegria!

Embora estava tocando acórdãos bem afinados,

No violão dedilhados, sem tirar os olhos de ti,

Percebi, sua atenção, que ficaram confirmados,

Quando tão curiosa, sentaste pra me ouvir!

De repente a melodia, daquela rua deserta,

Desperta do sono frio, num choque megatonfásico,

Que no trágico instante, veio a mim como uma seta,

Que acertou meu coração, num momento tão nostálgico!

De dia, tão turbilhante, de noite serena e escura,

Nua de gente e triste, de longa melancolia,

Ousadia do destino acordar tanta ternura!

Aquela rua chorosa, virou rosa, virou dia.

Naquele mesmo instante em que nos entreolhamos,

Nos achamos, nos beijamos, e cantamos sem temer,

Sem querer, desvencilhamos, nos amamos, e como amamos!

Nem nos preocupamos, vendo o dia amanhecer.

O sol penetrou nos ramos, e deitou-se sobre nós,

E mudo, eu te olhava, teu cheiro, e teu semblante,

Deslumbrante esses teus olhos, a olhar e me embebecer,

Quando tu então se foi, fiquei só, tão palpitante!

Derrepente, eu e o banco, eu cantor ele a cama,

Ele palco, e eu artista, voltamos a ficar só,

tão frio, desconfortável, serviu de trono à Dama!

Ele um banco, e eu, não sei, tão triste que dava dó.

Como chegaste te foste, e já não pude mais te ver.

Meus olhos sentem saudades, e tem esperança ainda!

Como quem acha um tesouro, e não sabe o que fazer,

Estava nas minhas mãos aquela princesa linda!

José Aparecido Ignacio
Enviado por José Aparecido Ignacio em 04/07/2018
Reeditado em 04/07/2018
Código do texto: T6381666
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