os gatos choram

incessantes gritos
vem dos telhados nessa noite,
e os cachorros latem como se
alguém precisasse de ajuda.
eles sabem,
nenhuma madrugada possui
inocência.
eles sabem tão bem
quanto a lua
que presencia cada assalto
que presencia cada luta
que presencia cada violência
nessas supostas horas
silenciosas.

à distância se pode ouvir o alarme
de um carro,
algumas lâmpadas estão acesas
e em seus quartos há música, há
conversas.
a vida não descansa
dentro ou fora dos prédios, dos lares,
mas nos escritórios
decide sumir um pouco.

o que tanto quer?
o que tanto pede?

dormir se tornar uma fantasia.

o relógio marca dez para as três
da madrugada
e eu
continuo ouvindo
seu desespero,
como um disco arranhado
logo
em minha música favorita.
Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 02/07/2018
Código do texto: T6379587
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