CALE-SE
Calei a voz em berros e gritos,
Calei os astros todo infinito,
Calei o calado no seu cúbico,
Calei o insensato o mais sabido.

Calei todas as bocas e não fui vendido,
Calei os covardes, os falsos mitos,
Calei tanto que fui esquecido,
Calei-me em prantos e fui pregado
Vivo.

Calei exaltando o Deus dos mortos e vivos,
Calei com fel a boca dos incompreendidos,
Calei na cova aberta para meu abrigo,
Calei-me sentindo o ventre da terra
Sugando vivo.

Calei e fui calado assim por mais um
Pouco;
Calei e fui caindo assim às forças
do meu próprio corpo.
Calei com um sorriso terno esperando
Ser morto;
Calei-me e não vi mais nada.

Calei-me e o silêncio calou-se com a
Madrugada...

 
Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 27/06/2018
Reeditado em 19/08/2019
Código do texto: T6375313
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