VIOLÃO QUE CHORA

 


Estou sozinho jogado no canto,
Esperando que me toques.
Empoeirado pelo pó da rua 
Que da janela os trouxe,
Fico em pleno desencanto esperando
Que me toques.
Minhas cordas já não tangem mais
Como antigamente,
Mas ressoa baixinho humildemente,
Quando passas por mim e esbarra
Nas minhas cordas.
Sou o que chora nos dedos dos grandes
Mestres,
Fiz sorrir os cangaceiros dos nordestes,
E você me deixa no canto e repugmina,
Odeia e recrimina assim abomina toda
Arte criativa.
Toca-me exijo!
Mas não com tanto desprezo como
Quem ama, e não dá um beijo nos lábios
De sua amada.
Aparência que fazem de mim é
Mal e vantajosa,
Mas se não fosse como um dos
Principais instrumentos a ser
Usado,
Como haveria de amar nem sequer
Ouvir o que lhe transmito.
Quando alguma vez ouvir-me tocar,
Chegue mais perto e sinta-me (dentro do teu coração),
Se algum dia não me tocar não se esqueça
Que já te fiz chorar,
Hoje não sou nada e nada mais há,
Pois você acabou de me quebrar.




 

 

Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 27/06/2018
Reeditado em 22/01/2024
Código do texto: T6375297
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