O ETERNO (Flor atemporal)
O eterno, ave com plumas de prata e asas desconhecidas,
Nós, sobejo de incertezas sem saber se é uma hora ou uma vida,
Aquiescendo aos riscos e a vida que não é linha reta, mas rabisco,
Falam do objeto e do desejo, mas o fim é um só, é o mesmo,
Sonhos ou desesperos, nós fazemos a intensidade,
E para os que não se perdem, reserva-se a frágil felicidade,
Mas ainda que não seja além desse pôr do sol,
Ela mais valeria do que o medo que em si extirpa,
Quando se evita um riso por medo de chorar.
O eterno de voo incansável parece nunca tosquenejar, e esperamos cansados em seu ninho,
Mas as vezes a totalidade é ambição pura com fim maculado, quando um pedaço podia saciar,
Basta um pouco de plumas para descansar, mesmo que o eterno possa partir,
Nem sempre está no brilho do ouro a riqueza esperada, e a espada cortará em vão,
Mas nas águas cristalinas que me parece o seu olhar, que aquece esse tal coração,
Ainda que isso não seja suficiente para o medo se tornar um estranho,
Pelo que ainda não sabemos se é uma vida ou uma hora a mais,
Mas descobrimos que o eterno pode se fazer dentro de um instante, e parecer constante,
E o presente se torna seu melhor amigo, e o amor é flor atemporal de quem hoje pode sorrir.