Cartas com espinhos
Hoje abri aquela gaveta por acaso
Procurei, e vi, cartas amareladas de saudades
As mãos trêmulas, denunciam-me
De imediato, gotas criam-se sobre os olhos
Cada lágrima vem junto com lembranças
Sento-me no chão
E leio aquela carta seca, como uma rosa morta
Cada letra, palavra, apinhada de lirismo
Cada estrofe, que desaba-me
Levanto-me e da fenestra, ouço os pássaros cantarem
O tempo para, voa…
Sinto o seu cheiro com o assoprar do vento em meu rosto
A sua voz me chama, naqueles dias que a felicidade nos acordava
E o seu olhar castanho, vidrado em mim…
É inevitável, é um tanto melancólico
Agora os pássaros cantam a nossa música
Composta pela nossa história
As rosas que cultivamos exalam
E os espinhos infelizmente prevalecem mais uma vez
As incontáveis feridas, as dores, talvez… era para ser assim…
Hoje o coração preso em uma gaiola bateu de forma desesperadora
Querendo sair, fugir…
A ilusão de tê-la, machucou-me
De modo, que repasso a dor para o caderno
E a chuva tempestuosa, rega a folha…