Toxicodependência
Cauda permanente
Segues-me como se fosses eu
Não há desvio que tire da trilha
Tu és comigo, pedra mágica
Como frutos do mar que se descobrem
Precisando quase se afogar
Nos descobrimos erectos
Com mil beijos por dar
As dores nas articulações
Que colho por trabalhar demais
Da ambição de ser adulto
Completa o pacote da repressão
Dos dias difíceis como provas
Que testam nossa capacidade
De ser resiliente ante à espada
Da mediocridade
Fumo teus lábios
Não me canso de apertar teu rabo
E dizer que te amo
Quando me massageias o humor
Sou péssimo
Tão sem jeito de ser sóbrio
Tu conheces a maldição dos olhos
O estoque de águas turvas internas
Sorrio como quem recebe cócegas
Para não te deixar perder o caminho
Da felicidade que perseguimos
Mesmo já sem querer
Todavia não sou
O comediante que finjo ser
Há tanta penúria nas piadas
Que conto sem perceber
Amas-me sem desamor
Apesar da luta que enfrentas
Com a minha mudança de humor
Aprendeste a posicionar as minhas antenas
E essa droga que me dás
De paciência e comodidade
Quando a fala se prende na garganta
De tamanha raiva por nada
Faz-nos depender dessa amizade
Para seguirmos em frente
Pois estar sóbrio é estar a solo
Sem ti, sem nós, sem gente.