Toxicodependência

Cauda permanente

Segues-me como se fosses eu

Não há desvio que tire da trilha

Tu és comigo, pedra mágica

Como frutos do mar que se descobrem

Precisando quase se afogar

Nos descobrimos erectos

Com mil beijos por dar

As dores nas articulações

Que colho por trabalhar demais

Da ambição de ser adulto

Completa o pacote da repressão

Dos dias difíceis como provas

Que testam nossa capacidade

De ser resiliente ante à espada

Da mediocridade

Fumo teus lábios

Não me canso de apertar teu rabo

E dizer que te amo

Quando me massageias o humor

Sou péssimo

Tão sem jeito de ser sóbrio

Tu conheces a maldição dos olhos

O estoque de águas turvas internas

Sorrio como quem recebe cócegas

Para não te deixar perder o caminho

Da felicidade que perseguimos

Mesmo já sem querer

Todavia não sou

O comediante que finjo ser

Há tanta penúria nas piadas

Que conto sem perceber

Amas-me sem desamor

Apesar da luta que enfrentas

Com a minha mudança de humor

Aprendeste a posicionar as minhas antenas

E essa droga que me dás

De paciência e comodidade

Quando a fala se prende na garganta

De tamanha raiva por nada

Faz-nos depender dessa amizade

Para seguirmos em frente

Pois estar sóbrio é estar a solo

Sem ti, sem nós, sem gente.

Widralino
Enviado por Widralino em 20/06/2018
Código do texto: T6369352
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