Sua voz...
Estou morrendo um pouco a cada dia
Afundando lentamente nessa agonia de tentar sobreviver sem viver
Passeio entre ruas e vielas
Vago por multidões, mas com a solidão sempre presente
Minha única companheira nessas missões
Ouço canções feitas pra pessoas carentes
Ouço canções indecentes e principalmente ouço a sua ausência
É um eco estalando audível
É o surdo e o mudo, no tom da sua voz…
Sua voz?
Não lembro como ela é
Também não lembro do gosto do seu café
Não lembro de suas crenças, da sua fé
Não lembro de seus medos, de seus desejos
Não lembro das tardes de Fevereiro, nem das manhãs de Janeiro
Não lembro de como é sua rua, da sua face nua
Não lembro quem você é…
Minha memória se esvai pelos meus dedos
Mais rápido que a minha vida escoa pela sarjeta
Essa memória minguada e esburacada, repleta de falhas
Comida por traças
Vazios distintos
Buracos sombrios
Ecos longínquos do resquício da sua voz…
Sua voz…?
Não lembro como ela é…