Calo-me ou Devoro-te

Do lado, silêncio

Do outro ,medo

Risos

Na parede ,as horas não calculadas pelo tempo

Voam como um pássaro apressado a ser observado no horizonte

Tempo morno ,calmo como um rio que espera o primeiro mergulho para agitar a calmaria

E causar desordem onde já existe o caos

Como numa gaveta onde há coisas guardadas do passado

E roupas velhas empilhadas

Que já não servem mais

Se hei de alcançar a calmaria?

É outra história…

Um rio silencioso guarda seus segredos

Há de se dizer que os rios escondem suas profundezas

Mesmo os mais rasos

Pois enganam

Os rios afogam assim como um mar agitado

Enquanto as horas enterram o nosso passado

Daí vem o novo :

rio misterioso que promete a calmaria que não existe no mar

Mas que sufoca com tamanha intensidade

É como se o sangue congelasse e o tempo parasse

E numa fração de segundos eu tivesse enlouquecido.

Me afogo no passar das horas

Enterro o passado empilhado

E devoro as incertezas

Calo-me

Os pés fincam na areia

E já não há coragem para se entregar a rios

Ou mares

Ouço o barulho ensurdecedor das ondas

E o silêncio dos rios

Não ouso molhar os pés

Os olhos encaram o mar agitado mas o corpo paralisa

A carne treme

a cabeça dá um nó

O mar se acalma e o rio permanece sereno

Mas há um caos no fundo do mar

No olhar

No silêncio do rio

E no passar das horas.

Carolina Duvir
Enviado por Carolina Duvir em 15/06/2018
Reeditado em 13/07/2020
Código do texto: T6365549
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