Calo-me ou Devoro-te
Do lado, silêncio
Do outro ,medo
Risos
Na parede ,as horas não calculadas pelo tempo
Voam como um pássaro apressado a ser observado no horizonte
Tempo morno ,calmo como um rio que espera o primeiro mergulho para agitar a calmaria
E causar desordem onde já existe o caos
Como numa gaveta onde há coisas guardadas do passado
E roupas velhas empilhadas
Que já não servem mais
Se hei de alcançar a calmaria?
É outra história…
Um rio silencioso guarda seus segredos
Há de se dizer que os rios escondem suas profundezas
Mesmo os mais rasos
Pois enganam
Os rios afogam assim como um mar agitado
Enquanto as horas enterram o nosso passado
Daí vem o novo :
rio misterioso que promete a calmaria que não existe no mar
Mas que sufoca com tamanha intensidade
É como se o sangue congelasse e o tempo parasse
E numa fração de segundos eu tivesse enlouquecido.
Me afogo no passar das horas
Enterro o passado empilhado
E devoro as incertezas
Calo-me
Os pés fincam na areia
E já não há coragem para se entregar a rios
Ou mares
Ouço o barulho ensurdecedor das ondas
E o silêncio dos rios
Não ouso molhar os pés
Os olhos encaram o mar agitado mas o corpo paralisa
A carne treme
a cabeça dá um nó
O mar se acalma e o rio permanece sereno
Mas há um caos no fundo do mar
No olhar
No silêncio do rio
E no passar das horas.