A ingenuidade dele em matérias de amor
A ingenuidade dele em matérias de amor
fê-lo amá-la à mulher ingênua como fada,
de tal forma que, ingênuos às dores dessa estrada,
amar era tão simples como aguar a uma flor.
Seguiram se cuidando cegos de romantismo
naquele amor de entrega mais que de condição,
criando regras tácitas sem pensar na razão,
viciados no erro de um vulgar bucolismo.
Os anos se passando, os pios desavisados
amaram ignaros dos riscos que corriam.
Casaram-se contentes. No lar onde viviam
ninguém ficou sabendo que amar pede resguardos.
Tiveram filhos doces que cresceram saudáveis,
envelheceram juntos numa história gostosa,
hoje dormem ornados com pétalas de rosa
postas pelos herdeiros a honrá-los, memoráveis.
Tamanha ingenuidade nos assuntos de amar
jamais pôde ser vista senão naqueles pobres
que, na mais óbvia rima, se fizeram de nobres
respeitando a receita mais antiga que o mar.
22, 23, 25/4/2018
8/5/2018
14/6/2018