POR QUE EU TE AMO?
Miramos em amor devoluto e com asas de Ícaro alamos ao sol,
Sem suspeitar que a quimera em seu nevoeiro defrauda a visão,
Imaginamos um reino em tons mais claros que a noite,
Em cores que disfarçam a melancolia de nuances cinzas,
Ponte entre uma madruga negra e o branco das nuvens de outono,
A cera se derrete ao sol, e somos humanos sem asas a despencar,
Se os sonhos fossem andorinhas, protegeríamos algo dessa dor,
Tudo parece sopro de grito que intenta contra ao vento sem êxito lograr,
Lembranças estéreis do que acreditamos ser além de uma ilusão.
A brecha em terra seca ansiara dilúvio, e recebera o sereno,
Ternura discreta do que cura sem fogos de artifícios,
Do que faz voar preso em um abraço,
Que não queima feito as asas de um Ícaro sob raios de sol,
Mas devolve fôlego ao sonho que se sufocou em seu desespero,
Que na falta de definição utiliza antônimos para explicar,
Que o amor não é fogo em palha, que o amor não é tempestade de verão,
Que o amor é assim, calmaria na alma que estava ferida e agora descansa,
Coisas simples, até mesmo o sorriso que os olhos fazem enamorar.
Por que eu te amo? Eu não saberia explicar,
Talvez seja porque eu me sinto novamente existir,
Os vendavais não despertam temores,
Tampouco as madrugadas solidão,
Os amargores são apenas lembranças,
De coisas que um dia foram e hoje distantes estão,
Eu estava distante de tudo, inclusive de mim,
Preso em um veneno que pensava não ter cura,
E agora, eu que era pássaro ferido, nas asas do amor, por ti voltei a voar.