Destino e sonho
Quando a vi da porta
Mesa posta
Sobretudo carmesim
Cabelos anelados
Lábios sorrisos batom
Mãos segurando a xícara
Assim, de perfil
Tudo era anil
Ao fundo, do lado da janela
À distância era perfeita a luz
Uma sala enorme, essas casas antigas
Tijolinhos e vasos de flores compunham o ambiente
Samambaias e até vasinhos de margaridas, esse amarelo ao centro valoriza ainda mais o branco das pétalas
Ocupei a única cadeira vazia
A voz carinhosa me recebeu
Assim como o perfume discreto
Desses que não mexe com o paladar
Mistura de mansidão com liberdade
Não prende à atenção
Um piano ao fundo, o balcão alto
Não havia muita gente
Estava confortável e prazeroso o ambiente
Ela eu e aquela gente numa só calmaria
Um quadro pintado com a euforia do criador
E falamos tanto da vida e do amor
Falamos do sol e da lua
Do que estava acontecendo
Um olhar um momento
Um destino sorvendo a oportunidade
Seria apenas um destino se unindo ao fato
Seria àquela hora o tempo de outrora
Determinar a continuidade do que não pode acontecer
Adocicado o instante
Chá, pão de ló com canela
Tudo reverbera
O friozinho lá fora, o quentinho dentro, aconchegante
Janelas com vidros coloridos...
Descrever é a continuidade do aviso
O tempo passou e as luzes amareladas se ascenderam
Candelabros de ferro, lustres no mesmo material
Sombras solenes e calmas
E um cheiro caramelado tomou o lugar
Assim se anunciou o que partiu...
As mãos que se procuram e se acham
Os braços que se tocam num abraço
Bocas que sentem o sabor
Lábios encantados pelo derradeiro da hora...