O vazio

O vazio fez-se mortalha

aderindo aos sentimentos

num tecido desbotado.

Hibernam asas atrofiadas.

Desejos chegam ao infinito

nos rumores do vento.

Ponteiros desmancham-se

nas horas adoecidas.

Redemoinhos

reviram a poeira

do mundo.

Rios podres transbordam

nas mãos dos assassinos.

Morrem as borboletas

na primavera de sal.

Pedro Porta
Enviado por Pedro Porta em 06/06/2018
Reeditado em 06/06/2018
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