ADOÇA MINHA BOCA

Se o amor for pena a se aplicar,

De quem se afoga sem agonizar,

Eu quero pagar, eu quero afogar,

Se para ver a luz dentro de um olhar,

No meio de trevas tiver que habitar,

Apaguem as luzes, pois já vejo uma luz.

Esse mistério adoça minha boca,

Como a mordida em uma açucarada maçã,

E como poderia temer as tempestades da noite,

Se nos teus braços desperta minha manhã.

Se o amor for um conto de fadas,

Fazendo crer que meu riso é alma encantada,

Faço em seus lábios um “era uma vez...”,

Se o amor for mar de ressaca,

E o sonho canoa pequena à beira da praia,

Vale a pena, sem medo, cada onda arrostar.

Será que estou em um sonho profundo,

Ou me embriaguei neste furor que rasga a pele,

Que faz-me perder o sentido,

Que faz-me regozijar.

Distante de tudo, de mim um adeus,

De um ciclo infesto que não quis viciar,

E se o amor for realmente uma pena,

Estarei preso nesta condenação que concede estranha liberdade,

E despreocupo em fechar os olhos se quero dormir,

Pois a paz era lugar abstrato até te encontrar.

Esse mistério adoça minha boca,

Como a mordida em uma açucarada maçã,

E como poderia temer as tempestades da noite,

Se nos teus braços desperta minha manhã.