INTERLÚDIO . . .

noturno é o canto

iluminado das estrelas;

a luz de prata da lua,

quando plena;

noturno é a noite

entre lençóis;

o caminho dos desejos;

noturno é o brilho

interior dos sonhos;

o calor refrescante

de um abraço;

noturno é a doçura,

às vezes selvagem,

de um beijo,

no instante do aconchego;

são os olhos do amor, amando;

noturno é uma taça

de vinho fino e

de boa safra;

são os corpos

juntos e dormitantes;

noturno é a expectativa,

não de um,

mas de vários amanhãs;

é o poeta pensativo

com seus versos e vertentes;

noturno é a impura consciência,

festejando duvidosas conquistas;

é tudo o que o diurno não tem;

noturno são os Noturnos

que eu tocava,

estudando Chopin;

é o murmúrio da solidão,

lamentando o ninguém;

noturno... sou eu,

é você... o mundo,

que fecha os olhos

e dorme,

para enxergar melhor!

(Tadeu Paulo -- 2007)