Canção marítima
Tuas mãos de plumas atemporais desenham em meu corpo de areia curvas que se derramam e criam formas n'infinita escultura a se perpetuar na etérea criação das formas e cores submersas na Vida.
Ondas de teu profundo azul glacial quebram com doçura e sagacidade marítima e fazem inexistir meus limites orgânicos pois que desvanecem eles n'a gravidade de sua ressaca
Que atrai pro profundo dentro de ti cada unidade fundamental da vã matéria que me compõe e devolve (não sem a promessa do novo prelúdio em porvir) ao macio ninho de repouso doirado.
Teu calor desenha-se em arabescos de rubras labaredas que me envolvem e densificam os arenosos grãos que me compõem fecundando vítrea translucidez
Que ao difracionar cada hóstia de luz traduz na criação de todas as cores advento de linguagem cósmica que permite a pronúncia do Tudo sem profissão de palavra.
Degusto em doses lunares laivos crepusculares d'aquarela de sol poente, reflexo do beijo em teu áqueo espelho,
Que perfazem as perenais lacunas do cerne de minh'alma e aquiesce-me a gozar em epílogo cabal
da completude plena do Existir incondicional.