Dependurado

Vejo você como a beirada de um penhasco.

Olhar para baixo é idéia de dias na sua ausência

Gostaria de prender nossos últimos momentos num frasco

E guardar para sempre sua essência

E me agarro, pois não vejo o fim deste precipício

Só a imagem desta saudade me deixa em estado febril

E o seu carinho é o culpado desde o início

Cão mimado não sabe viver como um cachorro vadio

E impelido por minhas forças exauridas

Vislumbro me soltar deste despenhadeiro

Quem sabe isto me revele outras vidas

E descubra o sorriso para além deste cativeiro

Dúvidas pré-potencial, espiral, vertical violento

Buraco Negro que estraçalha qualquer plano de destino

E da velocidade apresenta os fundamentos

No vômito para o lixo de suas convicções, o ensino

E sem eira nem beira seguirei minha estrada

Quem sabe encontre outra pedra para me agarrar

E naquele penhasco da pedra inalcançável abandonada

Veja, como consolo, uma flor teimosa do que aconteceu brotar.