Abandono amoroso
Fechado para o mundo exterior
Mergulhado em introspecção
Buscando traduzir a dor
Aquele aperto no coração
Vasculhando no fundo de um baú
Esquadrinha na alma figuras
Como quem procura um brinquedo
Delineando em rimas seu triste enredo
Tirando e atirando longe tudo o que encontra
Talvez esvaziando este baú encontre lá no fundo
Aquela peça/brinquedo que se apresente pronta
Para expressão perfeita de um amor moribundo
Mas o que encontra é purulento
Defesa do organismo
Ou raiva e cinismo
Desvenda este segredo esvazia seu baú
Rasga suas vestes e se põe nu
Na esperança que na confissão da sua impotência
Esteja garantida a redenção de sua história
Ou ao menos que da sua expoente incompetência
A vergonha seja purgatória
De um amar que não encontrou o castelo
Te viu ao lado em outra composição
Em trilhos que, se pareciam paralelos,
Mostraram trens que não combinavam em direção
Assim já não importa o destino
Amor solitário e peregrino
Talvez o Santo Graal do amor procurado
Se descubra no egoísmo, um cordeiro imolado
Do amor a renascença
Que deseja sua felicidade
Que não espera reciprocidade
E que assim algum tipo de amor vença
E a imagem do seu sorriso já baste como recompensa.