Canto para Cris...

Banhados em paz no rio São Francisco

Em temperatura desmensurada

Eu nos braços dela... Mulher amada

Numa grande infinidade de riscos

Os Teus doces lábios tocavam os meus

E que só por você estavam sedentos

Suspirando a todos os momentos

Do amor que um dia assim prometeu

Fatigado da vida como impunha

Neste labirinto que não quis entrar

Era meu ponto de apoio pra sonhar

Desde o cabelo à ponta desta unha

Prometemos unir-nos à velhice

E sonhamos nunca deixar nosso amor

Entregamos um ao outro com furor

Até que o outro dia repetisse

Foi ao limite do não aguento mais

Tanto que arrancamos do outro

As Lembranças belas que ainda nutro

Assim quebrando os protocolos formais

O Teu cheiro impregnado no quarto

Tua pele quente estando em brasa

Cabeça por cima da minha asa

Eis que nenhum pensamento descarto

Teus cabelos lisos, grossos e cheios

Perfumados com o sabor da terra

Um sorriso de menina matuta

Mostravam-me meios e entremeios

Bela voz tão doce, tranquila e gentil

A me expressar um pouco de timidez

Intrigante em mistérios... Talvez

Que me punha sempre em estado febril

Despudorada ao limite da razão

Em devaneios tão belos e ardentes

Resolvendo o que estava pendente

Sim... Aos nossos desejos demos vazão

E nos amamos pelas lindas horas

E conversamos, rimos, declaramos

A realização do que sonhamos

Mas... Até o romper da triste aurora

Fim... Eis que a hora chega e nos termina

Tanta magia estava acontecendo

E eu vejo teu rosto desvanecendo

E sumindo no clarão da neblina

E eu só... Calado ficava pensando

E por que é que eu nunca posso ter nada?

E sempre, o destino, a vida enfada?

Por que o gosto de me maltratar tanto?

Digo-lhe que como um covarde fugi

Pois sim... Te amo, mas não amo prisão

Não amo correr na triste contramão

Deste simples tudo... Minha alma sorri

Naquelas juras de amor nunca menti

O que ouviste de mim é verdadeiro

Como o calor... Chama de um candeeiro

Um sol feliz de amor foi o que senti

Eis que sinto vivo em mim até hoje

E tudo então me parece presente

Pois é o único tempo que se sente

O resto a gente disto sim... Despoje

Passado não é real... Não existe

Só mais um lugar feio inventado

Só pra esconder o que está errado

Mas porque o outro, isto assim nos disse...

Só o que existe são valores falsos

E que alguém muito maldoso inventou

Pra contradizer, Jesus, nosso senhor

Que a gente sempre amasse sem percalços

Desenvolveu-se um amor complicado

Mais impossível aí de se viver

Pois assim mesmo sem isso pretender

Estava por todos lados cercado

E foi sempre um amor indesejado

É... Porque os secos odeiam quem ama

Porque só sentem frio em suas camas

E sabem que jamais serão amados

E lhe disseram tanta... Tanta coisa!

E tanta... Tanta gente pra lhe mandar...

E tanta... Tanta gente pra nos mandar!

E me disseram tanta... Tanta coisa...

Claro... Ingênuos, jovens, acreditamos

Hoje resta uma distância irreal

Mas sabemos que não é nosso normal

Entorpecidos quando nos fitamos

Vem! Deixemos despertar esta chama!

O fogo lancinante que maltrata

Uma faca no peito, que nos mata

Como viver, de Shakespeare, um drama

Levemos nossas almas às alturas

Mas com a benção de todos os amantes

Da vida não são meros figurantes

Viver e viver é a sua cultura!

Este tempo nos fará um reencontro

Eis que disto tenho plena certeza

Pois o amor real jamais nos despreza

Esta beleza de um amar risonho...

Graciliano Tolentino

21 – 05 – 2018

21:54

Graciliano Tolentino
Enviado por Graciliano Tolentino em 22/05/2018
Código do texto: T6343118
Classificação de conteúdo: seguro