O amor

O AMOR

De que tens medo,

Pobre criança?

O amor não é brinquedo

Perigoso, desafiador.

É entrega, serenidade, cuidado,

Esperança de dias melhores.

Não há amor

Quando há desconfiança,

Armaduras e defesas.

Ele não é raio laser

Que atravessa paredes

Rompendo barreira,

Destruindo por onde passa.

É como a água que parece frágil

E se retrai quando a represam.

E, no entanto, de tanto

Bater na pedra, rompe-a

E vai ao seu interior.

Seja inocente, sem preconceito

E terás o teu quinhão

O teu direito:

Viverás romântica

O teu amor.

Não há semântica

Que explique a entrega.

Não há filosofia que mostre

A beleza sem dissabor.

Não há lógica, preconceito.

Não há problema imperfeito

Mas solução para a dor.

Aceita o outro como ele é;

Como você: com medo,

Com receio, com cansaço,

Criatividade e arte,

Com riso, com descarte,

Equilíbrio e descontração.

Não se precipite, mas demore

Tomando uma decisão.

Há tempo forte para o amor.

Há tempo fraco na preparação.

O amor é o sentimento do improviso.

A encenação do seu interior

No momento decisivo,

De se abrir e se expor.

Gilda Porto
Enviado por Gilda Porto em 01/09/2007
Código do texto: T633618
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