O AMOR É PARA OS FORTES

Recebeu-o com secura atacâmica.

Segura daquele amor!

Nenhuma água sobre as flores.

Nada de calores.

Impressionante frieza patagônica.

Mal o olhou nos olhos

Com sua particular desatenção.

Aquilo era, até certo ponto, seu modus operandi.

E ele, como um Davi,

Teve que enfrentar o gigante,

Filofóbico monstro!

Ficou ao seu lado.

Deu-lhe forças,

Não a deixou para trás.

Não aceitou o subsolo,

longe da luz.

Inabalável fé!

Persistir era lançar-se em mares revoltos.

O amor não pode ser,

plúmbeo,

uma expiação,

um fardo,

concessão.

Reconditamente pensou:

Guarde para si, esse seu medo.

Posso içar velas e navegar

Por mares conhecidos,

Repletos de sirenas e marítimas correntes.

Não temo.

Como um Ulisses panfletário

Sempre quero a casa voltar.

Não me afligem as tentações.

Navego confiante.

Pensou também:

Mas, eis que vem o vento norte.

Podendo tudo mudar.

Aqueles bilhetes com atitudes, afetos e amores,

foram postos em suspensão.

Pus placas explicativas,

indicações.

Lancei mão de adágios

e de uma filosofia vulgar

para te dizer tanto.

Mas imperava uma anemia.

Pensou ainda:

Quando quiser,

o melhor de mim já terá se esgotado?

Não.

O seu medo de amar

não me atirou em calabouços.

Nada demoverá meus pilares:

O gosto por viver e a disposição para amar.

Cleber Bispo
Enviado por Cleber Bispo em 08/05/2018
Reeditado em 29/03/2021
Código do texto: T6330819
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.