Inesperado
Eu vi quando ela olhou para o horizonte, onde o céu encontra o mar
Minha mente gravara aquela imagem, em detalhes
Seu olhar tinha doses equivalentes de ânsia e súplica
Ânsia pelo que? Súplica pelo que?
Nunca soube ao certo, mas seu vestido verde era demais
Combinava com sua pele nem branca nem negra
Pele que agradava aos meus olhos nem claros nem escuros
Nível da água no meio do caminho entre os pés e o joelho
Ali mesmo ela me mostrou um de seus escritos, era dos bons
Porque eu não falei para ela o que pensei em falar?
Eu tinha o oceano comigo, não haveria momento melhor
Não haveria outro momento
A palavra “eterno” repetia-se seis vezes nos versos que ela me mostrou
Tinha sido proposital?
O eterno é tão incerto, minha linda
A moça dos seis eternos hoje descansa sob três palavras comuns
“Filha, irmã e amiga”
Ela nunca soube o que eu pensei em falar tendo o mar como testemunha
Eu e o oceano perdemos algo
Valioso