Inesperado

Eu vi quando ela olhou para o horizonte, onde o céu encontra o mar

Minha mente gravara aquela imagem, em detalhes

Seu olhar tinha doses equivalentes de ânsia e súplica

Ânsia pelo que? Súplica pelo que?

Nunca soube ao certo, mas seu vestido verde era demais

Combinava com sua pele nem branca nem negra

Pele que agradava aos meus olhos nem claros nem escuros

Nível da água no meio do caminho entre os pés e o joelho

Ali mesmo ela me mostrou um de seus escritos, era dos bons

Porque eu não falei para ela o que pensei em falar?

Eu tinha o oceano comigo, não haveria momento melhor

Não haveria outro momento

A palavra “eterno” repetia-se seis vezes nos versos que ela me mostrou

Tinha sido proposital?

O eterno é tão incerto, minha linda

A moça dos seis eternos hoje descansa sob três palavras comuns

“Filha, irmã e amiga”

Ela nunca soube o que eu pensei em falar tendo o mar como testemunha

Eu e o oceano perdemos algo

Valioso

Tales Martins
Enviado por Tales Martins em 07/05/2018
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