A MALDIÇÃO DE EURÍDICE ( A essência )
Amor é uma atitude generosa
É imperceptível num egoísta
Martela a carne e as veias do coração
Suplanta desejos obscuros
É um raio que consome todo absurdo
É uma lágrima que nunca sessa
É uma dor que causa pudores
É uma atitude que não mede consequências
Suas consequências é quietude e paz ou guerra
O amor é sangue que escorre por ser vinho
Dá a esperança de quem nunca sentiu carinho
É uma morte com tranqüilidade e consolo
O amor é uma dádiva que cura todas as podres chagas
O amor é atitude que inflama ódio
Ódio de quem nunca arriscou nele desejos
É uma nudez que celebra a luxúria
É uma ligação que emana beijo e fascínio
O amor é uma faca que destroça a carne dos fracos
É doença que zomba do pecado
É o amor um diabrete de sombra e morte
É vida o amor de tudo que apostam nele uma dívida
O amor é um corte nos pulsos da romântica rapariga
Amor que zomba dos diabos
Amor que zomba dos deuses
Amor que mente pros anjos
Amor que si perde no mais tempestivo dos mortos
O amor é uma atitude que queima toda a ganância
O amor é um câncer que reverbera sonhos
Não queira saber de onde nasce nele as flores
O amor é mulher nua vista pela única vez
É seio arfante guiando pro Paraíso
É seio que rígido si faz na donzela virgem
É seio que lembra o frescor do orvalho do pêssego
É seio que ao toca-lo é desfeito toda ilusão
O amor é angelical doçura
O amor é um degolar de sacrifício no altar do Sagrado
O amor é uma sombra infernal
O amor é luz que cega todo ser que é maldito
O amor é virgindade de pessoa mítica
O amor é a Vênus que nua dá muitos filhos
O amor é maldição
O amor é uma canção
O amor é tristeza que arrasta multidões
O amor é um plebeu de nobre estirpe
É rei é rainha é princesa é coroa de setentas gemas
É uma Vênus nua que si dá delicada e tímida
O amor é mulher e homem
O amor é sedução das trevas e da luz
Luz de fogaréu selvagem
Triste é um suicídio
Triste é um morrer aos perfumes dos lírios
O amor é assassino e ciúme
Pois o mesmo amor é amor, mas por ninguém;
é querido...
Porquanto todo amor nunca é amor é: Eurídice.