OS POROS DO TEU SAL
sou uma relíquia inacabada
aos deuses devo a vida e a glória
sou um peregrino nessa estoica jornada
um marco antigo na nossa história
ao eterno lanço a minha proa
caravela livre em mar agitado
sou nas ondas um peixe que voa
às marés confio todo o meu fado
quero esfumar-me nesse horizonte
como nuvem branca sem juízo
pertencer ao céu atrás de um monte
chegar fácil sem nenhum aviso
quando suspirar o pranto final
estarei nos teus braços meu amor
como teu servo de valor sem igual
em teu colo remarei contra a dor
serei mar nos poros do teu sal