Gramaticalmente
Entre interjeições
nasceu o nosso amor
Ah! Oh! Olás! Alôs!
Numa intensa troca de exclamações.
Com muitos substantivos
(que eram concretos demais)
Sem vírgulas nem pontos finais
num incrível texto corrido.
Eu fui o verbo ir
Tu eras o verbo ser
Nas conjugações o parecer
era mais fácil de se fluir.
Então vieram os parênteses
numa frase insubordinada
Onde um objeto indireto clamava
o que fiz e o que fizestes.
Esquecemos o travessão
numa guerra imperativa
Aspas, metáforas aflitivas
e uma gigantesca interrogação.
Agora somos palavras soltas
língua estrangeira sem vocabulário
saudade que não consta no dicionário
idas e vindas sem voltas.
Gramaticalmente falando
Esse ponto e vírgula, afinal,
nos levará a um ponto final,
ou a reticências até quando?