Como o Vento
Ando como o vento.
Passo por ti e mal toco,
tal a leveza de dedos,
de boca no aflorar doce da palavra
dita quase na lisura húmida da pele.
Sigo agora o tropel de bestas e Pégaso
e todos os passos são na inquietação da tarde,
na beira tímbrica da cor em agonia,
ocaso a dizer que a hora também chega
ao corpo sereno.
Ando como mistério em ti.
Faço-me sentir e sinto.
Quero agora tudo em força,
canto bêbado de vendavais,
quero-te , quero mais,
tão cega verdade e tão bruta, astuta,
tão acesa sob a cinza,
tão de amor saciada, imóvel,
como morte que a mim chegasse
enquanto me semeio.