Esperança
Faz-se assim, branda e silenciosa
uma pequena rama de luz
que dentre as sobras brota
Faz-se assim, suave e remota
em tons de ilusão e esperança
qual sorriso de criança
coberto em sinuosa poesía.
Faz-se , assim, e não dura mais que um dia,
- a porta aberta - assim ela invade
contornando a apatia e a saudade
rebuscando vozes na monotonía
Faz-se o sonho mesmo que distante,
ansiedade toma o tom errante
da voz que busca eco na agonía
e entre escombros da tormenta vinda,
uma quimera há de restar ainda
a desaguar no ser a angústia rouca;
sensação que queima meus desejos,
que brota no esperar pelos teus beijos
e morre ao tocar-te, em fim, a boca.
Belém, s/d
G.C.F.