Lembras-te?

Lembras-te daquele dia em que o amor

Corria entre nós dois como um Corcel

E desenhava em ti todo o langor

Fazendo da tua pele o meu papel?...

E de quando, meigamente e devagar

Tão devagar como quem levanta um véu

Roçaste os meus lábios e, ao beijar

Me disseste a tua boca é o meu céu!...?

Sorri sem suspender o doce beijo

Carícia em que me entrego, em que me dou

E ganho asas, com teu desejo...

Sabes que o teu desejo...em mim ficou

Como são largos os céus em que me lança

E onde invento carícias que em ti deponho...

E quando a minha alma a tua alcança

Ouço a tua inspiração que é o meu sonho!

Afundando-me no mar do teu desejo

Tão fundo quanto a volúpia me permite

E atingindo o vórtice, eu sinto e vejo

Que a tua satisfação é o meu limite.

Gilberto Fernandes

Gilberto Fernandes
Enviado por Gilberto Fernandes em 27/04/2018
Reeditado em 27/04/2018
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