Política do amor.

A política do amor se apresenta para nós.

E maldosas conjunturas são as desse amor

Amor que eu poderia chamar de nosso,

Mas quem sabe?

Quem pode afirmar que de nós ele nasceu?

E se somente nós o fazemos florescer?

Coisa louca é isto de memória,

Se não há para que lembrar?

Lembrar para voltar a acontecer?

Ou lembrar só para fazer doer?

Não entendo a política do amor,

Sou contra o desejo reprimido e

A favor de amores bandidos.

Ah, mas se eu pudesse condenar

Os que em algum dia não tiveram

Coragem de amar, eu o faria.

E este dia seria o mais feliz

E o mais cruel de toda minha vida,

Seria o dia mais desejado e o mais temido.

Nada mais nada menos porque eu julgo e sou culpado.

Neste jogo seriamente político

considero-me o ser pensante mais errado.

Pois amei e não fui amado,

amo e o faço calado,

amo além do que eu devo, amo muito,

e ainda assim percebo o medo e

o receio de não sair das entrelinhas e se prender neste território,

onde as letras falam mais do que a voz

e só chegam a poucos,

só aos que desejam ouvir sem voz.

Mirela Lourdes
Enviado por Mirela Lourdes em 22/04/2018
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