Política do amor.
A política do amor se apresenta para nós.
E maldosas conjunturas são as desse amor
Amor que eu poderia chamar de nosso,
Mas quem sabe?
Quem pode afirmar que de nós ele nasceu?
E se somente nós o fazemos florescer?
Coisa louca é isto de memória,
Se não há para que lembrar?
Lembrar para voltar a acontecer?
Ou lembrar só para fazer doer?
Não entendo a política do amor,
Sou contra o desejo reprimido e
A favor de amores bandidos.
Ah, mas se eu pudesse condenar
Os que em algum dia não tiveram
Coragem de amar, eu o faria.
E este dia seria o mais feliz
E o mais cruel de toda minha vida,
Seria o dia mais desejado e o mais temido.
Nada mais nada menos porque eu julgo e sou culpado.
Neste jogo seriamente político
considero-me o ser pensante mais errado.
Pois amei e não fui amado,
amo e o faço calado,
amo além do que eu devo, amo muito,
e ainda assim percebo o medo e
o receio de não sair das entrelinhas e se prender neste território,
onde as letras falam mais do que a voz
e só chegam a poucos,
só aos que desejam ouvir sem voz.