Cubro-me com a atemporal colcha de retalhos...

Nas madrugadas

Frias e insones

Cubro-me com a atemporal

Colcha de retalhos com pétalas de Lua

Que tecemos juntos...

Nas madrugadas insones e frias,

Diante da fragilidade dos sonhos

Fragmentam-se os laços de vida

E as lágrimas cintilam,

Em poemas desfaço-me,

Numa delicada, mas intensa

Desconstrução,

Enquanto, as gotas d’água

Num ritmo que elas escolhem

Acariciam o vidro trincado

Da janela...

Vejo passar a noite,

O aroma de incenso de jasmim

Faz-me companhia,

Não há uma imagem nítida,

Refletida no espelho,

Apenas, nuances de um rosto-

Em cada detalhe do quarto

Há traços dos desenhos

Rabiscados, durante o dia:

Do pássaro que deixou

Uma pena na janela,

Da folha do plátano

Que coloquei ao lado

Da escultura do gato branco...

E assim no lento passar da horas

A noite e eu, quase, adormecemos...

E quando, enfim, amanhece

Reconstruo o mosaico

Do meu coração, corpo e alma

E a lembrança da tua voz

Do toque das tuas mãos, me unifica

Unindo-nos com a magia do Amor...

***

https://www.youtube.com/watch?v=-SrvreW-E80

Debussy - Reverie