Maré
Agora é tarde e a maré está baixa.
Nenhuma embarcação deixará o cais. O vento que outrora a tudo revolvia, parou para nós. O mar está sereno e a calmaria faz meu peito transbordar de melancolia.
O crepúsculo torna o céu cor de mate e derrama silêncio em meu peito. Sinto saudades dos dias em que havia tempestades. Prefiro um tornado de emoções a esta paz silenciosa que sufoca. Sem movimento nada nasce, tudo morre.
Meus pés se afundam na maciez morna dessa areia estática. A brisa já não sopra para afastar as lembranças inquietantes...
Até as gaivotas partiram desse cais de solidão, elas agora fazem ninho em outro coração.
Renata Vasconcelos