Pega na chave
Pega na chave
Abre ainda estas gavetas fechadas
Descobre o que mais ainda possa existir
Com mais ninguém sou já capaz de ser como sou contigo
E não sei que sou se não tua
A ti vendi a minha alma
Só tu existes em mim
Fecho os olhos
e ao ver-te inteiro percebo que para ti me fui
E sorrio…
Vou contigo
Vamos esconder-nos no fundo do tempo
onde o teu suor sabe sempre a gelado de baunilha
e onde por vezes a minha boca sabe a sal
e o teu corpo a pimenta
Onde me cheiras à luz de um dia de verão
aos ramos verdes do jardim da minha rua
às gargalhadas dos grupos de adolescentes que passam a nosso lado
Onde me cheiras a tudo e tudo me cheira a ti,
talvez porque te amo…
Sou agora apenas o instante em que me torces debaixo de ti
para me impedir de fugir-te quando procuras o que talvez ainda reste em mim
Impões a tua saliva na minha pele
em todos os meus poros
Já não sei onde ou a quem pertenço
Trair-me
é não te ter tocando todas as sonatas do meu corpo
não te sentir por dentro onde me arrepias a pele até ao fim
onde começo a loucura de te querer
e onde afogo a imensidão deste desejo