SEM NEXO
Atormentada minh'alma
corria como louca sem rumo
nem parada, se debatendo
pelas estradas, caminhos
em desesperada
angústia de solidão!
Na fuga do sem nada,
sem saber como correr
ou parar, também eu corria
atrás dessa louca fantasia,
que em mim fazia rombos
de dolorosa insanidade,
no corpo e espírito cansados
de amanhãs e ontens sem
futuro, jogados num armário,
desprovido de gavetas,
onde tudo se embaralhava
como em uma mesa de poker!
A loucura, sim, a loucura,
era minha única ternura
a beijar-me os lábios
trêmulos, gotejando a vida
em tristes filigranas de sangue
a escorrer-me em filetes
pelos seios mirrados e sombrios,
que um dia amamentaram a vida!
Era um corpo, apenas um corpo.
que chorava diante dos guizos
nos carnavais das fantasias
e as colombinas eram pierrôs
amando arlequins pelas ruas
de tantas luas e poucas gruas!
Encostei-me no muro do tempo,
deixei-me escorregar e em
cócoras ouvi os cães a ladrarem
famintos, a lamberem-me
as mãos tísicas de solidão
e adormeci abraçada
ao flagelo da vida..então!
Eugênia L.Gaio-14/04/2018