Das memórias
Fala-me das tuas memórias.
Não daquelas que perdemos
e nelas já nos encontramos.
o que vier é a vida inteira...
o som do agora não desenha
a face perdida no espelho
entre nós.
o tempo tece casacos de nuvens.
o sol acorda a tarde e ilude a flor
morrendo nas ondas do rio.
baila na chuva uma ave mansa
e calar assim esquecidamente
apavora- me e cansa.
fala-me de amor
antes da poesia se perder
na chama que acende
a palavra distante.
diga-me que o tempo ainda
escreve um poema na alma.