A saudade dele
A saudade mais dolorida
É saudade de quem se ama
A saudade da maneira que ele me olhava
Com tanta delicadeza e compreensão
A saudade do seu modo de falar
Cheio de gírias, causando certo incômodo
Mas, nele tudo tornava-se bonito
A saudade do gosto parecido com o meu
A saudade do cheiro gostoso
A saudade de um tempo que não volta mais
A saudade da sua pele branca, como neve
Caindo no inverno rigoroso
A saudade das suas pintas pelo corpo
Constituindo obra de arte
A saudade do deslize
Das minhas mãos, com paixão, sobre ele
A saudade do afago, da carícia, do jeito
Que tocava-me então
A saudade de ouvir seu coração batendo
Ao encostar minha cabeça em seu peito
A saudade de um tempo que não volta mais
A saudade do seu beijo incomparável
A saudade da sua boca vermelha e carnuda
A saudade dos meus lábios
Encaixando-se, perfeitamente, nos seus
A saudade de nós dois, sempre, exaltando
Esse encaixe perfeito, jamais, acontecido
Em outros amores
A saudade da cumplicidade
Entrelaçada nos abraços
A saudade de um tempo que não volta mais
A saudade da sua presença
E da ausência consentida
A saudade de ficar olhando para ele
E pensando que ainda o amo, mas sem dizer
Qualquer palavra
A saudade de mandar mensagens
De madrugada
Da nossa incansável e fiel reciprocidade
A saudade do seu sorriso, o qual conheço
Há tanto tempo, como ninguém
A saudade de um tempo que não volta mais
A saudade do meu amor mais antigo
A saudade da minha paixão adolescente
E de uma das histórias mais lindas construídas
A saudade das nossas brincadeiras
E, até mesmo, dos ciúmes imaturos
Eram tantos
A saudade do medo de perdê-lo
Mesmo tendo-o comigo
A saudade que, hoje, tenho certeza de que
Meu pior erro foi ter deixado ele ir
A saudade de saber
Que estaria do outro lado
Apesar de haver a distância
Distância que, agora, é ínfima
A saudade de ter a esperança
E de saber
Que, talvez, a nossa história
Pudesse reviver
E durar
Para sempre
Como o meu amor por ele
A saudade é querer ver
E não ver
A saudade é querer esquecer
E não esquecer
A saudade é poder
Mas, não conseguir
A saudade me faz crer
Que o que eu mais sinto
É a tamanha ausência
Insuportável dele
A saudade é não ter vontade
De saber como está
O que faz
O que pensa
A saudade é ter a vontade
De ligar e encontrá-lo imediatamente
A saudade é de tanto amar
Querer, profundamente, odiar
A saudade é o que sobrou
E eu não consigo
Com isso, acabar
A saudade faz doer, quando penso
Que, agora, é o amor de outrem
Que, agora, se doa por completo
A uma outra pessoa
Que, agora, tudo que fazem
Um dia, nós fizemos
Quando juntos estávamos
A saudade traz à memória
Nossas sagradas juras e doces pecados
A saudade faz chorar
A saudade me faz refletir
Que, agora, ela vai te dar
O que, supostamente, possa ter faltado
Que, agora, ela vai fazer o papel
Que, há um tempo atrás, eu fiz
Que, agora, ela vai ocupar
Na sua vida, o que já foi
O meu espaço
A saudade bagunça lá dentro
E faz doer demais
Bem no fundo, tanto em mim
A saudade me faz pensar
Se ele, ainda, se lembra de mim
Se ele, também, tem saudade
Se ele, ainda, sente algo
Ou se tudo foi jogado ao ar, feito resíduo
Descartável e acumulado
Se nosso amor não passou
De um momento errado
A saudade é saber que ele foi
O melhor e o pior namorado
E depois dos malditos e graciosos anos
Depois de idas e vindas
Depois de amores e desamores
Percebi que o cuidar
Transcende o amar
Que um simples “eu te amo”
Vai além do falar
Hoje, sei, sobretudo, que não há
Mais “nós dois”, eu sei que ele se foi
Eternamente e o que me resta
É a saudade da gente
A saudade de um tempo que não volta mais.