Confissão

Numa cidade pequena nasci, cresci e vivi

Até à metade da adolescência, muito sofri

Buscando no espelho das montanhas a doce

Felicidade cuja bondade minha alma prometi.

Sericita(*) só me inspirava o nobre desejo de amar

Ao ver seus habitantes desempenhando sob sol

E chuva atividades de lavrador, raras eram, quando

Nada mais restava a fazer, as atividades comerciais.

Na esquina, na calçada paralela à praça Santa Rita, agora talvez

Do lugar a mais bonita, havia a loja de tecido da família Dutra

Cujo colorido das fazendas encantava meu olhar sonhador,

Mas nela eu até receava entrar por ser um desprovido filho de lavrador

E àquelas belas e excelentes peças de tecidos não poder comprar.

Um armazém aqui outro acolá na praça da antiga

Jequitibá, onde havia belo jardim em flores

Em cuja calçada plantei meu primeiro amor

E com ele, por mais que eu resista, ainda vivo a sonhar.

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(*) Sericita: pequena cidade no interior de Minas Gerais

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R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 30/08/2007
Reeditado em 30/08/2007
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