De quem se gosta
 
Gostar de alguém é
provavelmente querer ser
quem se gosta
total ou em parte inconfessável.
E como solução
tê-la por perto para usufruir
do que tanto nela se admira
É, talvez até, possuí-la;
adicioná-la ao que se é
para gozar
nos seus atributos
chegando a entregar-se
como troca
só para esse fim.
Disfarçar-se inconsciente
ou com clarezas
manipuladas ou não;
ou ainda com intermitências
nessas considerações
 
Esse desejo do ser/estar
pode ser passageiro
até que se esgote a “exploração”
e não reste atrativos
a serem adicionados.
Pode ser complemento
de partes latentes
que não acionem sozinhas
a própria ignição
 
...E brota aparentemente
do nada,
essa fértil expressão
que camufla os ingredientes
de que são feitas as gentes
sempre que surge
uma promissora ocasião
 
Os efeitos colaterais
são decorrentes das
incompatibilidades
inconciliáveis junto ao outro
nesta interação que requer
dosadas sincronizações
 
Nessas emoções
conta-se sempre
com a reciprocidade
para as ocultas trocas justas
nas correspondências.
Os pesos e graus envolvidos
determinam o equilíbrio,
a serenidade e, por conseguinte,
a durabilidade
com o mínimo desgaste
para ambos
na fricção dos pontos
com arestas.
Só mesmo o tempo
determinará com mais
precisão o tamanho literal
dessa relação.