Desejo Incontido
Silente.
Observei os montes abissais dos teus pensamentos.
No poente.
Mergulhei nos rios sangrentos por onde escorriam todos os teus sofrimentos.
Agarrei tua mão no escuro em que te detinhas,
tua alma era minha!
Procurei-te há muitos séculos pelos espaços infinitos.
Nada poderia modificar o que há muito no Livro da Vida havia sido escrito.
Audaciosa.
Teus labirintos tenebrosos não me amedrontavam.
Eras menino perdido entre destroços,
monstros impiedosos te assustavam.
Eu só te amava.
Cauteloso.
Assustavas-te frente à presença amada,
temias tua recompensa inesperada.
Apreensivos.
Deslumbrados e tensos ante o sol que reluzia.
Ela duvidava.
Ele sorria.
Ele chorava.
Ela sentia.
Amavam-se a distância
sob o romantismo da lua ou
debaixo do aquecedor sol do meio dia.
Nessa suave e intensa agonia
Compunham uma nova melodia.
Amavam-se...
Juntos e separados, esperando, ansiosamente, que os corpos estivessem unidos pelas raízes profundas da poesia.