Por que a paixão?

Por que está fecha envenenada de querer

Apunhala ser dó nem pudor a alma

Acelera toda a corrente sanguínea

Desemboca fervente em nosso cerne

Por que tanta dor sem um toque?

Por que tanta aflição num sentir?

Basta fechar os olhos para tudo começar

Imaginar teu olhar, tuas mãos, tua boca

Convulsões e lampejos de desejos

Causam intrépidos tremores no coração

Por que a alma insiste no silêncio e cala?

Por que os corpos enaltecidos gritam?

Os olhos sussurram voluptuosos de prazer

Por que não cessa essa imensa vontade?

Uma doçura e um fogo que invade

Percorre por todo corpo e arde

Envolvendo dois seres num só querer

Numa ânsia insana de se entregar

Nas mãos do destino, do tempo, do vento

Como grãos de areia se encontram

Misturam-se num vendaval

Nesta magia indecifrável que é a paixão

Num elo transformador singular e natural...