MEIAS E SAPATOS

No relógio da sala,

meia noite marcava,

por entre as sombras da meia-luz,

refletida sobra a meia parede

que dividia em dois, os ambientes.

Sobre a mesa de centro da sala,

flores no jarro se abraçavam

meio mortas, meio tortas.

Meio murchas e meio sem vidas.

Ao lado das flores sonolentas,

duas meia-entradas de cinema

para o filme: “ NOITE DAS TORMENTAS ”.

Com algumas tristes cenas

onde se via em nosso quarto,

espalhadas entre seus sapatos,

suas meias em variadas cores,

mistas de mágoas e rancores.

Sobre nossa cama, outras tantas meias...

Meias grosseiras, meias de lã.

Meias finas, caras e luxuosas.

Meias pobres, desgastadas e surradas.

Meias transparentes e da cor da pele negra.

Meias sujas, suadas e rasgadas.

Meias-calça, meias compridas.

E você a meio palmo de mim,

nunca teve olhos para mim.

Nunca voltou seu olhar em minha direção.

E sem poder me ver a seu lado,

você foi se dividindo, entre meias e sapatos,

sem nunca parar para pensar,

que nossas vidas iam se dividindo,

entre uma meia fina e rara,

e um sapato granfino e caro.

Nova Serrana (MG), 08 de fevereiro de 2008.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 28/03/2018
Código do texto: T6292963
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.