JÁ NÃO ESPERAVA MAIS NADA

Eu esperava a chuva nas tardes quentes de verão,

Na agonia do calor que abrasava a pele,

Para que a brisa pudesse aliviar alguns instantes, neste março que parecia eterno.

Eu esperava a primavera após um longo inverno,

Para caminhar entre as flores e fotografar suas cores,

Mesmo que entre elas voassem as abelhas que eu tinha tanto medo.

Eu desenhei em meu diário um príncipe,

Mesmo que as linhas estivessem distantes da fotografia em minha mente,

E eu esperava cada amanhecer que meu coração fosse como terra à vista.

Eu esperava um endereço para todas minhas cartas de amor,

Eu esperava tudo acontecer, e a angustia era um mar que me engolia,

Eu esperava o sol entre as nuvens após uma longa frente fria.

E eu que estava imóvel aqui,

Senti as ondas molhar,

Com este amor que tudo bastava.

E eu que estava em dúvida entre a luz e a escuridão,

Deixei tudo clarear sem medo de viver um dia a mais,

Sem esperar que o amanhã respondesse minhas tantas perguntas.

Eram seus olhos que clareava,

Eram seus abraços que o medo espantava,

E eu aqui, já não esperava mais nada além deste amor, pois minha alma plena poetizava.