DORME, CORAÇÃO
Dorme, coração
solitário e abatido
nos lençóis deste pulmão
doentio e poluído.
Bombeia o seu sangue
no que resta de veias;
só não deixes que ele se esvaia
pelos buracos de minhas meias.
Dorme, coração solitário,
enquanto a dor te procura,
pois estes olhos lendários
te acelera e te tortura.
Fique atento, coração,
do que possa te acontecer.
Cuidado com a emoção
de quem quer te conhecer.
Pois neste leito esquecido
tu dormes com o anseio
de amar debaixo do vestido
os tão sonhados seios
da menina que te agita
e te deixa acelerado
quando ela te conquista,
estando do meu lado.
Nova Serrana (MG), 22 de maio de 1986.