ELA NÃO ME FAZ TANTA FALTA ASSIM, NO ENTANTO...

muitas vezes me pego pensando

que os vaga-lumes salpicados em abundância

nos campos vazios , nas noites de verão

eles sim, reclamariam um apagão

se observassem pelo menos por um instante

a luminosidade ímpar da esmeralda liquida

que enche as pupilas mimosas

dos seus olhos fagueiros

sou enfático em afirmar, ela não me faz tanta falta assim

no entanto, há momentos em que, absorto numa reflexão

imagino que o bicho-da-seda

interromperia sisudo, ranzinza, seu novo brocado

se sentisse num breve toque

a qualidade da seda maviosa que reveste a morenice suave

de seu corpo, gentilmente sinuoso

delicadamente coleante,

continuo insistindo, ela não me faz tanta falta assim

só que há dias, em que,

ao abrir o seu leque de inúmeros predicados, reconheço:

que o jovem colibri, no zênite de seu vôo,

ao talhar os campos azuis

cairia fulminado, lívido, esquálido

talvez ainda tépido,

se sorvesse nas flores d’alma

o prisma de sensações singulares que é refletido

em todo o meu ser

ao você compor, mais um daqueles sorrisos,

qual banho de quimera n'alma, doce e cativante

e que os bastos frocados de neve,

só cairiam na madrugada

para esconder-se ruborizados

na lousa negra e fria da noite,

ao observarem por um breve momento

as contas que enfileiram, como que um alvo colar de perolas

também doados generosamente,

por esse seu sorriso melífluo,

que me é vital

persisto em dizer,

ela não me faz tanta falta assim

no entanto, admito

que Saturno ficaria com inveja

descarregando com austeridade um: “ Os meus duram mais!! “

ao perceber estupefato, a perfeição e encanto

dos anéis de um brilho negro azeviche, nunca vistos

de seus cabelos, que me embaraçam de paixão

decididamente cheguei a conclusão:

ela não me faz tanta falta assim, entretanto

aqui ruminando um pensamento:

não discordaria que:

o Etna, no ápice de sua cólera, se calaria

o El Ninho,

com seus tentáculos gigantescos e irrequietos de medusa

no apogeu de sua ira, se deteria

que as asas vorazes da borrasca,

sulcantes no seio do pacífico se quebrariam

que as serpentes monstruosas e reluzentes,

dardejadas das entranhas da procela,

se converteriam em ingênuos coriscos,

Katrina, como ingênua menininha, em pânico

com medo do " véio do saco ",

sumiria

e que finalmente , as Cataratas do Iguaçu

promoveriam 2 minutos de silêncio

se todos juntos, sim todos!

Assistissem de camarote, na última sessão,

Boquiabertos, emudecidos, com suas pipocas intocáveis,

se todos presenciassem

as tempestades turbulentas, colossais e sem detença

que ocorrem, nos recônditos d’alma,

e no âmago do coração,

Por não ter mais você.

Razão de viver.

davicartes@gmail.com

poesiasegirassois.blogspot.com

Davi Cartes Alves
Enviado por Davi Cartes Alves em 29/08/2007
Reeditado em 03/02/2008
Código do texto: T628966
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