DEDICATÓRIA
Dedico este poema às mulheres do Brasil e do Mundo,
sejam elas as que andam nuas nos sertões dos países – nativas índias de beleza dourada – ou as que desfilam elegância nos salões de altos palácios;
sejam as empregadas que acordam cedo para fazer mover a roda-gigante da Terra ou as patroas que acordam tarde para compensar o tempo gasto em festas;
sejam elas mulheres conscientes de seu papel social ou humildes subalternas que meneiam a cabeça aceitando a imposição do destino para suas vidas...
Dedico este poema a todas as mulheres do Brasil e do Mundo,
negras ou brancas, morenas ou ruivas, mulatas ou cafuzas,
altas ou baixas, gordas ou magras, simples ou elegantes;
às que ainda não mataram seus sonhos ou que ainda não os deixaram morrer;
às da serra e das planícies, dos vales e das matas,
às da zona rural ou das indigestas urbis,
às das noites e às dos dias, às das casas e às das ruas;
às paralisadas pelo medo e às domesticadas pelos machos;
às que abriram a gaiola do lar e agora voam livres no comércio e na indústria;
a todas as mulheres, sem qualquer discriminação,
cobrando apenas a crença no Amor e na Vida.
Para elas escrevi este poema
como se liberasse o fluxo do rio da paixão e deixasse verter o sangue da vida;
como se plantasse a semente da esperança e aguardasse a promessa de futuro;
como se fizesse concha com as mãos
e pudesse dessedentar uma a uma com minha oferta de amor;
como se as palavras fossem suficientes para escrever
a história que todas as mulheres escrevem com suas próprias vidas.
E, então, no despertar das consciências,
no destravar das emoções,
sem imposições,
retornasse o desejo:
o motor que move o mundo!
Por isso escrevi este poema.
Como quem acende uma lareira no frio inverno da montanha
e aguarda o dia chegar no apagar da última brasa viva
que fará a despedida da artificialidade...
Mulher é luz. Mulher é vida. Mulher é amor.
Ela traz dentro de si o fogo, traz a ardência, traz a paixão.
A humanidade não pode deixar morrer esta dádiva.
A beleza da mulher é seu corpo, é sua alma, é sua graça.
Mulher é poesia calorosa em noites frias das montanhas
ou em pradarias quentes das planícies...
Que este poema possa percorrer o Mundo.
Nem que seja o mundo das mulheres,
este mundo feminino de encanto e graça,
de uma leveza sutil que põe alegria na existência.
Nem que seja o mundo de um corpo só – do corpo de fêmea
que se incendeia novamente da valorização que lhe é devida –
e que assim este poema cumpra o seu papel de cantar o valor da mulher;
recompor alguma vida;
fazer frutificar alguma esperança;
expulsar alguma angústia;
e reacender alguma paixão.
Que ao menos este poema traga de volta a felicidade de alguma mulher...